Praça Rosa Alves da Silva: Comunidade denuncia obra da Subprefeitura Vila Mariana que ameaça uma das últimas grandes áreas verdes do centro expandido de São Paulo
Comunidade denuncia obra da Subprefeitura Vila Mariana que ameaça uma das últimas grandes áreas verdes do centro expandido de São Paulo
Subprefeitura é acusada de justificar a intervenção com informação falsa no Estudo Técnico Preliminar; obra prevê instalação de gramado sintético ao custo de R$ 1,5 milhão, com risco de dano ambiental, perda de uso comunitário e desperdício de recursos públicos.
São Paulo, 11 de dezembro de 2025 — Moradores e frequentadores da Praça Rosa Alves da Silva denunciam graves irregularidades na obra contratada pela Subprefeitura Vila Mariana (processo SEI 6059.2025/0009037-5), já iniciada a partir de ordem emitida em 8 de dezembro de 2025 pelo fiscal do contrato, Sr. Thiago Fernandes Vieira. A intervenção prevê transformar um gramado natural amplamente utilizado pela população em um “campo de rugby”, apesar de o espaço ser majoritariamente dedicado a atividades comunitárias, esportivas e escolares.
Atualmente, o gramado — um dos últimos grandes espaços verdes multiuso do centro expandido de São Paulo — é usado para futebol, vôlei, piqueniques, lazer familiar, recreação infantil, integração de pets, prática de educação física por escolas do entorno, e outras dinâmicas fundamentais de convivência e saúde coletiva. A associação de rugby citada pela Subprefeitura utiliza o local apenas duas vezes por semana e por poucas horas, o que não caracteriza ocupação predominante nem justifica a intervenção proposta.
ETP apresenta informação considerada falsa.
A comunidade também aponta inconsistências graves no Estudo Técnico Preliminar (ETP) da obra. O documento afirma:
“Como consequência da intervenção observou-se a necessidade de revitalizar/requalificar a área que englobará o parquinho, promovendo melhorias que atendam às necessidades da comunidade local e aos diferentes perfis de usuários.”
Entretanto,
o Conselho Municipal e Conselho Regional do Meio Ambiente Vila
Mariana nega ter aprovado qualquer modificação no espaço, indicando que a
justificativa usada para autorizar a obra não condiz com a realidade.
Moradores consideram que a divergência pode caracterizar informação
falsa ou distorcida em documento oficial, o que exige investigação por
parte de órgãos fiscalizadores.
Impacto ambiental negativo e risco de desperdício
A obra prevê a substituição do gramado natural por gramado sintético, solução considerada inferior em termos ambientais. O material reduz a permeabilidade do solo, aumenta a temperatura local e contribui para a formação de ilhas de calor — um retrocesso significativo em uma cidade que já sofre com enchentes, baixa arborização e alta densidade urbana.
Além
disso, por se tratar de uma praça pública, e não um parque com
manutenção especializada, o risco de deterioração acelerada do gramado
sintético é alto. A comunidade alerta que o investimento pode se
transformar em prejuízo em poucos anos, pela falta de manutenção técnica
adequada.
R$ 1,5 milhão do orçamento público estão envolvidos
Segundo a proposta vencedora, o valor destinado à instalação do gramado sintético e alterações no campo é de R$ 1.327.353,17, chegando a R$ 1.536.411,29 com BDI. Moradores consideram o gasto elevado e desnecessário, visto que a estrutura atual atende plenamente às necessidades da comunidade e não apresenta demanda comprovada para a intervenção.
População pede investigação imediata
Diante dos indícios de irregularidade, do impacto ambiental negativo, do risco de desperdício de recursos públicos e da ameaça ao uso social de um espaço verde essencial, a comunidade solicita que Ministério Público, Tribunal de Contas do Município, Controladoria Geral do Município e demais órgãos competentes investiguem:
- a veracidade das informações apresentadas no ETP;
- a pertinência técnica, ambiental e social da obra;
- a legalidade do processo de decisão e contratação;
- o risco de dano ao patrimônio coletivo.
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