Podcasts sobre o Túnel da Sena Madureira
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A gente precisa repensar o modo como fazemos obras de infraestrutura urbana nesta cidade’
Anderson Kazuo Nakano, urbanista e professor da Unifesp, é entrevistado no CBN São Paulo sobre a obra na rua Sena Madureira, na zona Sul. Para a construção dos túneis é necessária a derrubada de quase duzentas árvores. Após a perícia, a Justiça vai decidir de forma definitiva sobre anular ou continuar com a construção. Ouça a entrevista na íntegra.
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Obra na Sena Madureira vai na contramão do modelo urbanístico que se deseja para a cidade
Raquel Rolnik alega que a obra na região remonta a um modelo de intervenção dos anos 70, quando os projetos urbanos não levavam em conta problemas como os eventos climáticos extremos
O tema desta coluna da professora e urbanista Raquel Rolnik é a construção de um complexo viário na região da Rua Sena Madureira que está gerando polêmica. A obra já foi interrompida pela Justiça por pressão dos moradores da região e até do Ministério Público. A justificativa da Prefeitura para a realização da obra – que prevê a construção de dois túneis – é melhorar a fluidez do trânsito, “mas no momento toda a discussão urbanística que está acontecendo no planeta é como repensar a forma de ocupação do solo, no sentido de usar muito mais soluções baseadas na natureza”, diz a professora Raquel Rolnik. “Esse túnel não apenas retira toda a cobertura vegetal de uma região, como também ali tem um córrego, esse córrego (Embuaçu) também vai ser completamente aterrado e tamponado, piorando ainda a situação das águas na região; e mais, vai remover 200 pessoas que vivem na comunidade Souza Ramos, que está instalada ali há décadas, sem nenhuma previsão do que vai acontecer com essas pessoas, onde elas vão morar, para onde elas vão. E tudo isso em nome de um modelo de intervenção na cidade dos anos 70.”
Na verdade, o que está em jogo é o modelo de cidade que se deseja para o tempo presente, quando se tem de encarar o fenômeno das mudanças climáticas, “onde todo o esforço é repensar a forma de se pensar o deslocamento, investindo evidentemente muito mais em transporte coletivo de massa, mas também preparando muito mais a cidade para essa quantidade de eventos extremos que já está acontecendo. O que está sendo feito nesse projeto no túnel Sena Madureira é exatamente o oposto disso”, afirma a professora. Ela ainda chama a atenção para o fato de que não houve diálogo com os moradores da região, cujos protestos “estão sendo violentamente reprimidos”. Raquel cita o caso de uma vereadora que chegou a ser agredida e presa ao defender os interesses dos moradores. “Acho que está mais do que na hora de São Paulo avançar no sentido de envolver muito mais a população na discussão sobre o destino da sua área”, conclui.
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